Farmacologia
Guerra, J. U. 2019.

A Farmacologia é a ciência que estuda os fármacos, logo, estuda sua fonte, propriedades, composição, efeitos bioquímicos, efeitos fisiológicos, uso e tudo mais ligado a ao fármaco, mas obviamente agora você quer entender o que é um fármaco…
Fármaco
É qualquer composto químico com fim medicinal, essa é a definição mais aceita, então um fármaco pode ser qualquer substância conhecida que é usada e tem propriedades terapêuticas, isto é, propriedades de tratar alguma doença, sintoma ou queixa. Assim sendo, o fármaco possui uma estrutura química conhecida e tem a capacidade de modificar alguma função fisiológica existente.
À partir desta definição, podemos ver que o fármaco é uma substância química que tem efeitos fisiológicos, isto é, altera a atuação de alguma célula, fazendo com que ela secrete ou paralise alguma atividade.
Também existem outras substâncias que ouvimos muito ao longo da vida e que na farmacologia começamos a entender as diferenças:
Droga: qualquer substância, natural ou não, que ao interagir com o organismo produza algum efeito. Assim, droga é qualquer substância que tenha algum efeito no organismo à partir da alteração de alguma função fisiológica, podendo ser benéfico ao organismo ou não.
Medicamento: substância utilizada para fins terapêuticos ou de diagnóstico. É um fármaco com propriedades comprovadas cientificamente.
Para o fim terapêutico (tratamento de doenças ou sintomas), nós utilizamos os medicamentos, onde o princípio ativo é um fármaco ou uma composição de fármacos, que podem ter as seguintes especificações comerciais:
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Medicamento de referência são remédios que possuem eficácia terapêutica e segurança precisam ser comprovadas, tendo a segurança e a qualidade comprovadas cientificamente no momento do registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Também são chamados medicamentos de marca, pois seu nome comercial é registrado por uma empresa farmacêutica que é detentora da patente.
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Medicamento genérico são remédios que apresentam o mesmo princípio ativo que um medicamento de referência e geralmente são produzidos após a expiração ou renúncia da proteção da patente ou de outros direitos de exclusividade e após aprovados nos testes de qualidade da ANVISA, em comparação ao medicamento de referência tem aprovação da comercialização feita pela ANVISA. Os medicamentos genéricos podem substituir os medicamentos de referência, quando prescritos pelo médico.
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Medicamento similar são remédios identificados pela marca ou nome comercial e possuem o mesmo princípio ativo, na mesma forma farmacêutica e via de administração dos medicamentos de referência. Também são aprovados nos testes de qualidade da ANVISA, em comparação ao medicamento de referência. As diferenças entre os medicamentos similares e os de referência estão relacionada a alguns aspectos como por exemplo: embalagem, prazo de validade do medicamento, rotulagem e até mesmo tamanho e forma do produto. Os medicamentos similares não podem ser substituídos pelos de referência quando prescritos pelo médico de acordo com a regulamentação da ANVISA.
O medicamento também pode existir em diversas apresentações, e a apresentação (forma farmacêutica) escolhida depende da via de administração que será utilizada.
Vias Enterais
Via Bucal (VB)
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Forma farmacêutica: Comprimido; Solução; gel; orabase; dentifrício; colutório; creme; dispositivo oral.
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Administração: Entre a bochecha e os dentes.
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Absorção: moderada, pela mucosa da bochecha
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Orientação: não engolir a medicação e deixar dissolver lentamente na boca.
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Vantagens: rápida absorção, indolor, sem efeito de 1ª passagem.
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Desvantagens: Dificuldade de conservar soluções ou outras formas farmacêuticas em contato com a mucosa oral devido à ação diluidora da saliva. Não é quase utilizada, salvo para administração de efeitos locais.
Via Sublingual (VS)
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Forma farmacêutica: Comprimido; gotas.
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Administração: Sob a língua
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Absorção: rápida, pelos vasos sanguíneos do dorso da língua
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Orientação: não engolir a medicação e deixar dissolver lentamente sob a língua.
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Vantagens: rápida absorção, indolor, sem efeito de 1ª passagem, com a drenagem indo diretamente para a veia cava superior.
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Desvantagens: Pouca disponibilidade farmacêutica
Via Oral (VO)
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Forma farmacêutica: Comprimido; drágea; cápsula; xarope; suspensão; elixir; gotas...
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Administração: o medicamento deve ser introduzido na boca e deglutido (engolido), no caso de alguma apresentação farmacêutica sólida, utilizar líquido para facilitar a deglutição, preferencialmente água. Para facilitar a administração de uma forma sólida pode se proceder a trituração do produto, mas é um recurso que não pode ser feito em todos os casos, já que apenas se pode triturar os comprimidos não protegidos e as cápsulas que não sejam constituídas com um revestimento entérico (moles), não se devendo abrir as drágeas com proteção entérica (duras), porque o seu conteúdo deve chegar intacto ao intestino delgado.
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Absorção: lenta, principalmente pelas mucosas gástrica, do intestino delgado e do cólon, também podendo haver absorção pela mucosa oral, do intestino grosso e retal.
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Orientação: Em caso de apresentações sólidas, proceder a introdução na cavidade bucal e deglutição com auxílio de líquido, preferencialmente água. Em caso de apresentações líquidas por gotejamento, proceder a diluição quando orientado e posteriormente a introdução na cavidade bucal e deglutição. Em caso de apresentações líquidas sem diluição, proceder a introdução na cavidade bucal e deglutição.
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Vantagens: via segura, prática, possibilidade de auto administração, grande extensão de absorção, indolor, efeitos locais e sistêmicos.
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Desvantagens: Ação moderada a lenta, sofre interação com pH gástrico e intestinal, pode causar irritação gástrica, sofre interação com alimentos, sofre metabolismo de primeira passagem, sofre ação dos sucos digestivos
Via Retal (VR ou PR)
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Forma farmacêutica: supositório; enema retal; pomada.
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Administração: acima do esfíncter anal interno e do anel anorretal.
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Absorção: de modo geral rápida, podendo ser lenta, errática ou incompleta a depender da motilidade intestinal
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Orientação: preferencialmente proceder com a administração com o paciente deitado e manter o paciente deitado por alguns minutos em decúbito lateral.
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Vantagens: não irrita o trato gastrointestinal superior, evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: Contra indicado em pacientes que apresentam distúrbios que afetam o TGI (sangramento retal ou diarreia, devido absorção irregular ou incompleta), a administração retal geralmente estimula o nervo vago através do esfíncter anal, gerando um risco para os pacientes cardiopatas, pode irritar a mucosa retal, pode causar desconforto e a absorção costuma ser irregular e incompleta.
Vias Parenterais
Via Intradérmica (ID)
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Forma farmacêutica: injetável.
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Administração: entre a derme e a epiderme.
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Absorção: muito lenta.
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Orientação: pequenos volumes (0,5 mL ou menos), para processos que envolvem reações imunológicas (exemplo: testes de sensibilidade ou alergia e tuberculose), aplicação de vacinas e anestésico local. Agulha em um ângulo de 10 a 15 graus, com o bisel da agulha voltado para cima, deve ser introduzida a agulha por cerca de 3 mm abaixo da epiderme e a introdução deve parar quando a extremidade do bisel estiver sob a pele.
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Vantagens: evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: Via restrita, devido à capacidade de administração de pequenos volumes (0,1 a 0,5 mL) e absorção lenta.
Via Subcutânea (SC)
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Forma farmacêutica: injetável sob a forma de microcristais e suspensões.
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Administração: sob a pele, no tecido subcutâneo.
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Absorção: lenta
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Orientação: Volumes de 0,5-1,5 mL. A agulha com bisel para cima deve ser inserida com rapidez e firmeza, utilizando ângulo aproximadamente de 30º para indivíduos magros, 45º para indivíduos normais e 90º para indivíduos obesos.
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Vantagens: evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: possibilidade de iatrogenias (alteração patológica criada por efeitos colaterais) como distensão do tecido.
Via Intramuscular (IM)
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Forma farmacêutica: soluções oleosas; soluções aquosas.
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Administração: diretamente no músculo.
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Absorção: rápida ou lenta, dependendo da forma farmacêutica e volume.
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Orientação: Volumes de até 5mL. Pode ser aplicada a injeção nos músculos: deltóide (o paciente pode estar sentado ou deitado, com o antebraço flexionado sobre o tórax. Medir quatro dedos abaixo do acrômio), glúteo (região dorso-glúteo: deitado em decúbito lateral e aplicar somente no quadrante superior externo. Delimitam-se os quadrantes com traçado de 2 eixos: um horizontalmente, com origem na saliência mais proeminente da região sacra; e outro verticalmente, passando pelo centro da região glútea, ventroglutea ou de Hochstetter: aplicada no músculo glúteo médio ou glúteo mínimo, o paciente pode ficar lateral ou ventral), reto femoral ou vasto lateral (sentado com a perna flexionada, ou deitado com o membro estendido. Aplicar a injeção no terço médio). Os músculos glúteos são geralmente utilizados em adultos sadios, embora o músculo deltóide possa ser utilizado para uma injeção de pequeno volume (2 ml ou menos). Para neonatos e crianças, o músculo vasto lateral da coxa é mais utilizado porque é geralmente mais desenvolvido e não contém nervos grandes ou vasos sanguíneos calibrosos, minimizando o risco de uma lesão grave. O músculo reto anterior também pode ser utilizado em neonatos, mas geralmente é contra-indicado em adultos; a seringa deve estar em um ângulo de 90 graus em relação à epiderme, com o bisel da agulha lateralizado. Insira a agulha rápida e firmemente através das camadas dérmicas, profundamente até o músculo.
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Vantagens: evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: Volume deve ser avaliado, soluções oleosas causam grande desconforto ao paciente durante o procedimento de aplicação.
Via Intravenosa (IV)
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Forma farmacêutica: soluções injetáveis; suspenções injetáveis.
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Administração: através da veia, diretamente na corrente sanguínea.
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Absorção: rápida
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Orientação: imprópria para soluções insolúveis e oleosas, podem ser administrados grandes volumes.
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Vantagens: efeito imediato, evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: possibilidade de infecções, difícil reversão.
Outras Vias
Via Nasal
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Forma farmacêutica: spray; gotas nasais.
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Administração: na cavidade nasal.
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Absorção: rápida, local e sistêmica, pela mucosa nasal.
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Orientação: para solução em gotas, inclinar a cabeça para trás e aplicar diretamente na cavidade nasal. Para a solução em spray, manter a cabeça na posição normal e aplicar na cavidade nasal, evita o metabolismo de primeira passagem.
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Vantagens: efeito local rápido.
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Desvantagens: possibilidade de entrada da solução nos pulmões.
Via Pulmonar
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Forma farmacêutica: aerosol; soluções para nebulização.
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Administração: via cavidade oral ou via cavidade nasal, medicamento inalatório.
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Absorção: rápida, pela mucosa pulmonar.
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Orientação: administração de aerosol, inserir o aparelho na cavidade oral, administrar a dose e inalar profundamente, aspirando o medicamento. Administração por nebulização, manter a máscara até acabar o líquido.
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Vantagens: rápida absorção, evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: possibilidade de irritação local.
Via Transdérmica
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Forma farmacêutica: adesivo.
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Administração: diretamente na pele.
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Absorção: lenta e contínua.
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Orientação: aplicar o adesivo diretamente sobre a pele.
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Vantagens: absorção contínua, evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: a transpiração pode afetar a absorção do medicamento.
Via Tópica
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Forma farmacêutica: creme; pomada; gel; óleo; solução.
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Administração: diretamente na pele.
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Absorção: rápida, local.
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Orientação: aplicar o medicamento diretamente na pele.
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Vantagens: uso local, evita o metabolismo de primeira passagem.
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Desvantagens: efeito local, pouco efeito sistêmico, auto aplicação.